quarta-feira, 22 de julho de 2009

Aprendiz

É ironico como a vida nos coloca a todo momento diante de situações diferentes, porém com a mesma intenção. O de aprender com nossos próprios atos, pensamentos e sentimentos.
Já venho me deparando com certas coisas, e ontem, lendo o blog Alarcrônicas (http://alarchronicles.blogspot.com/) do Ilustrador Renato Alarcão, pude observar em suas palavras tudo àquilo que a vida vêm tentado me ensinar todo dia, de diferentes formas e lá estava novamente!

Muitas vezes deixamos que este aprendizado passe despercebido. Mas uma hora irá calhar. Em algum momento cairá a ficha sobre a qual até então nem havíamos notado. E não existe tempo pra isso.

Uma vez minha somaterapeuta, Vera Schroeder, disse ao meu grupo em uma das leituras que o real aprendizado, aquele que sentimos em nosso próprio corpo (considerando corpo tudo aquilo que somos - mente, matéria e espírito) é uma luta gradual. O aprendizado é um processo. E essa visão é exatamente o que diz os ensinamentos dos tantos mestres espirituais da história da humanidade. Mas só pude entender realmente o que ela quis dizer depois de 1 ano e meio de terapia seguidos de 10 dias num curso de meditação Vipassana, onde não apenas pensei sobre suas palavras, mas pude sentir no meu corpo!

O processo é o tempo que levamos para perceber nossas reações. Primeiro nem se quer damos conta de sua existência. Somos cegos para observarmos isso e vivemos cheios de justificativas, expectativas e consequentemente frustrações e anciedades. O passo seguinte se dá no instante em que cai a ficha e conseguimos Ver isto. Conseguimos realizar que o próprio causador de nossos problemas somos nós mesmos! E assim sendo, cabe apenas a nós mesmos a tarefa de resolvê-los. Mesmo às vezes com ajuda, seja ela qual for.

E mesmo assim, ainda é cedo. Não é fácil mudarmos nossos atos. Nos acostumamos, somos condicionados e acomodados. Então devemos nos esforçar pelo próximo passo. O de percebermos os momentos em que nossas reações aparecem. E inicialmente só conseguimos isto muito tempo depois que ocorreu.

Com tempo e vontade vamos melhorando.
Então chega a hora em que conseguimos perceber logo após a nossa reação. E depois conseguimos isto no momento em que estamos reagindo. E começamos então e ir mais fundo, notando qual a causa de nossas reações.

Me considero neste estágio. Ainda reajo muito, porém venho conseguindo notar minha reatividade, e observá-la. E acho que nesse processo, este passo seja o mais difícil. Talvez por eu me encontrar nele, mas acho que também porque é duro vermos o quanto e por quantas vezes agimos de uma maneira que não gostaríamos, um ato quase involuntário que sai descontrolado, aumentando por isso a anciedade em ver melhorias. No meu caso pelo menos tem sido assim. Uma grande luta contra a anciedade, contra a pressa. Contra o tempo.

Mas como acredito que nada é por acaso e que o descontrole é preciso, para conhecermos a
nós mesmos inteira e realmente, penso que esses sentimentos que surgem vêm justamente para auxiliar no tal aprendizado. Afinal, precisamos Nos enfrentar, a cada suspiro.
E não é fácil. Não é rápido. E não é nada agradável. Porém, ao sentirmos podemos aprender de verdade!

Um certo dia, no lugar onde eu costumava morar em Niterói, percebi a bagunça em que me encontrava. Percebi a bagunça dentro de mim ao ver que parecia ter passado um furacão dentro de casa. Eu estava saindo de um momento de fuga. Fuga de mim mesma. Notei que quando comecei a enfrentar minhas neuroses e meus medos, quando comecei a olhar para mim, precisei tirar de baixo do tapete tudo aquilo que tinha escondido ali. Escondido de mim mesma. Afinal, "o que os olhos não vêem, o coração não sente". Será mesmo que não?

Mas foi ai que o ventilador foi ligado! E tudo aquilo se espalhou diante de mim. Pensei: "Pois é. Para arrumar é preciso bagunçar! Eu preciso me enfrentar e observar".

A meditação é isso. Calar a mente. OBSERVAR! Observar as sensações - sentimentos e pensamentos - sejam elas físicas ou mentais.
E nesse caminho é necessário buscar a humildade, a tolerância, a boa vontade e a esperança!
Sem essas quatro qualidades não chegaremos à nós mesmos. Não chegaremos à Deus.

A criatividade é a própria manifestação de Deus. Devemos abandonar o ego e deixá-Lo se manififestar.
Precisamos estar abertos. Coração e mente abertos para o aprendizado. Como é difícil, pois para aprendermos a Ver, para descobrirmos a verdadeira Realidade, precisamos DESAPRENDER!
Voltar a sermos crianças!!!

Eu agradeço a cada pessoa que passa em minha vida. A cada situação em que o destino me coloca! Pois acredito que aprendo a cada segundo. Acho que o que mais tem me feito aprender nesses meus 25 anos tem sido tentar ouvir a todos, sem preconceitos e não ter verdades absolutas.

Acredito mais e mais que dizendo sim a um instante, eu digo sim a toda a eternidade. Pois a eternidade não virá ou será, ela É! E somos todos UM. Uns mais ignorantes, outros menos. Mas todos com um mesmo destino.

Precisamos parar de tratar pessoas como coisas. Precisamos sentir mais e pensar menos. A única oportunidade de descobrirmos a felicidade é olhando para dentro de nós mesmos. Está tão perto, porém tão fora de alcance se não pudermos entender isto.

Minha insegurança significa que ainda preciso derrubar muros, e jogar fora os filtros externos. Sinto que ainda há muita heterorregulação e minha maior busca tem sido fluir. Ouvir meu corpo, confiar no meu coração e viver da forma mais leve e fluida que eu puder.

Que nossa busca seja a todo momento! E que possamos caminhar sempre com alegria e gratidão.
Para VER é preciso se render...



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